Para um profissional de artes visuais, fazer parte de produções cinematográficas do porte de Missão Impossível e Homem-Formiga e a Vespa, é um feito a ser comemorado. Quando se trata de uma mulher, imigrante latino-americana, no competitivo mercado de efeitos especiais em Hollywood, essa conquista ganha méritos de pioneirismo. A paulista Tatiane Leite, de 36 anos, é uma das raras mulheres a se destacar em um setor predominantemente masculino e conhecido por fechar o cerco contra estrangeiros. “Hoje tem mais mulheres do que nas últimas décadas, mas é ainda pequena a representação feminina nesse departamento”, diz.
Logo após concluir o mestrado em Engenharia de Computação na Universidade de Campinas, em 2012, Tatiane mudou-se para os Estados Unidos para estudar Entretenimento na UCLA – Universidade da Califórnia em Los Angeles. Foi ali que lapidou o talento para unir conhecimentos técnicos em computação com artes visuais e começou a sonhar com os estúdios de Hollywood. “Eu sabia que tinha competência para chegar lá, mas não via muitas mulheres com uma trajetória parecida com a minha. Isso quase me desencorajou”. Para ela, a escassez de modelos é o que impede algumas mulheres de ingressar em áreas dominadas por homens. “Mesmo havendo oportunidade, sem profissionais que evidenciem que a discriminação de gênero não está instalada, fica difícil chegar em uma entrevista de trabalho com confiança”, diz.
Foi daí que Tatiane conheceu a espanhola Rosa Farre, supervisora de efeitos especiais de filmes como Mortal Kombat e Batman Eternamente (ambos de 1995), e uma das poucas estrangeiras a se destacar no ramo. “Ela foi minha mentora e me ajudou a criar um portfólio consistente, como exigem os estúdios americanos”. Atual contratada do estúdio Lola Visual Effects, ela trabalhou no recém-lançado Christopher Robin – Um Reencontro Inesquecível, da Disney, no blockbuster da Marvel, Homem-Formiga e a Vespa, e no sexto filme da saga Missão Impossível – Efeito Fallout, com Tom Cruise, ambos lançados em julho nos cinemas. Tem dedo dela também na nova versão de O Rei Leão, da Disney, com previsão de lançamento para 2019.
Especializada em processamento de imagem e visão computacional, Tatiane quer inspirar outras mulheres a ingressar nessa carreira. “Minha contribuição é ainda muito pequena, mas meu objetivo é me tornar uma grande supervisora de efeitos especiais e montar uma equipe com predominância feminina”, diz.
Em quase 80 anos que a categoria de efeitos especiais entrou para o Oscar, apenas uma mulher levou essa estatueta para casa: Sara Bennett, supervisora de efeitos especiais inglesa, pelo primoroso trabalho em Ex-Machina – Instinto Artificial, em 2014. Em 2018, nenhuma mulher foi nominada nessa categoria, mas no que depender dos esforços de Tatiane Leite, não parece uma missão impossível o Oscar chegar às mãos de uma mulher do Brasil.
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